O Seade Trabalho analisa a evolução do mercado de trabalho no Estado de São Paulo, em suas regiões e municípios. A cada mês atualizamos a movimentação dos empregos formais, por meio de dados das empresas constantes no Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. Trimestralmente, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), produzida pelo IBGE a partir de informações domiciliares, permite estimar a desocupação, a subutilização da força de trabalho, os rendimentos do trabalho e outras formas de ocupação da população de São Paulo.

Estado de São Paulo

Renda domiciliar e do trabalho em 2024

Domicílios mais ricos ganham 31 vezes mais do que os mais pobres

Após a crise deflagrada pela pandemia de Covid-19, que agravou o desemprego e provocou a retração dos rendimentos, os resultados nos anos recentes têm sido positivos para ambos os indicadores, com ampliação da ocupação e da remuneração média. Assim, em 2024 observam-se melhorias, mas ainda sem alteração significativa das desigualdades.

No Estado de São Paulo, a renda média mensal domiciliar aumentou entre 2023 e 2024 para os segmentos mais pobres analisados e diminuiu para os mais ricos. Em razão desses movimentos, as diferenças entre os mais pobres e os mais ricos reduziram-se nesse período e, principalmente, em relação a 2019, ano que antecede a pandemia.

Os 10% de domicílios mais pobres recebiam, em média, R$ 900, em 2024, valor 6,3% maior do que em 2023. Já a renda média nos 10% de domicílios mais ricos (R$ 27.717) apresentou retração de 2,0%, passando a um valor 31 vezes superior ao dos 10% mais pobres. Essa relação era de 33 vezes em 2023 e de 35 vezes em 2019.

Renda média mensal domiciliar (1), segundo percentis de renda

2019-2024, em reais

1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

A distribuição dos valores médios dos rendimentos dos domicílios pelo número de pessoas que neles residem (renda média domiciliar per capita), mostra aumento em comparação a 2023, com ligeira melhora na relação de desigualdade entre os grupos de renda.

Em média, cada pessoa nos domicílios paulistas recebia mensalmente R$ 2.672, em 2024, renda 2,2% superior à de 2023 (R$ 2.614). Entre os 10% mais pobres, a renda média per capita aumentou 8,7%, passando de R$ 321, em 2023, para R$ 348, em 2024, enquanto para os 10% mais ricos o valor diminuiu 3,1% (de R$ 10.780 para R$ 10.445). Devido a esses comportamentos diferenciados, a renda domiciliar per capita dos mais ricos, que era 34 vezes maior do que a dos mais pobres em 2023, passou a ser 30 vezes superior em 2024 (em 2019 era 41 vezes maior).

Renda média mensal domiciliar per capita (1), segundo percentis de renda

2019-2024, em reais

(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

Cônjuges têm maior aumento na renda média

Considerando-se a média das rendas em um domicílio, a mais elevada costuma ser a dos responsáveis pelo domicílio, tradicionalmente chamados de chefes. Seus valores, no entanto, têm se aproximado aos dos cônjuges. Entre 2023 e 2024, a renda média dos chefes de domicílio apresentou o menor aumento (0,8%), passando para R$ 4.517, enquanto a dos cônjuges registrou o maior crescimento (5,9%), alcançando R$ 4.231. Também houve elevação na renda dos filhos (2,6%) e retração na dos outros parentes ou conviventes que moram no domicílio (-4,7%).

Na comparação com 2019, apenas as rendas médias de cônjuges e filhos ampliaram-se (3,4% e 3,5%, respectivamente), enquanto a dos chefes de domicílio diminuiu (-7,5%) e a dos outros membros do domicílio permaneceu praticamente estável (-0,1%).

Devido a esses movimentos, a proporção da renda média de cônjuges vem se ampliando em relação à dos chefes: em 2019, a média recebida pelos cônjuges correspondia a 84% da renda dos chefes, passando para 89% em 2023 e para 94% em 2024. Relação similar observa-se entre a renda mediana – muito inferior à média – de cônjuges e chefes: R$ 2.554 e R$ 2.754, respectivamente.

Renda média e mediana mensal (1), por posição no domicílio

2019-2024, em reais

(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

Quando é considerada a massa de renda domiciliar, os responsáveis pelo domicílio ainda são os que mais contribuem com o orçamento familiar, mas também com trajetória decrescente. A participação da renda dos chefes na massa de renda dos domicílios, que era de 57,3% em 2019, diminuiu para 56,2% em 2023 e para 55,9% em 2024. Movimento inverso ocorreu para os cônjuges, cuja participação permaneceu praticamente estável entre 2019 e 2023 (26,9% e 27,0%) e aumentou para 28,4% em 2024. Para os filhos, a contribuição na massa de renda domiciliar apresentou pequenas variações no período, bem como a dos outros parentes ou conviventes, que em 2024 voltou ao mesmo patamar de 2019.

Participação na massa de renda mensal domiciliar (1), por posição no domicílio

2019-2024, em %

(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

Massa da renda domiciliar fica 2,9% maior

A massa de renda domiciliar foi estimada em R$ 127,3 bilhões em 2024, valor 2,9% superior à de 2023, como resultado do aumento do contingente de pessoas com renda e, principalmente, da renda média.

Em comparação a 2019, a massa de renda domiciliar ampliou-se em 8,5%, devido exclusivamente ao crescimento da população com renda, uma vez que a renda média diminuiu no período.

Índices das pessoas com renda, da renda média domiciliar mensal (1) e da massa de renda mensal domiciliar

2019-2043

1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Incluem-se os ocupados que não tiveram remuneração. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

Cresce participação do rendimento do trabalho entre as fontes de renda

O orçamento familiar é composto, majoritariamente, pelos rendimentos do trabalho, que respondiam por 79,1% da renda média domiciliar total em 2024, participação maior do que as observadas em anos anteriores.

Entre 2023 e 2024, a participação na renda média domiciliar diminuiu para aposentadoria e pensão (de 15,5% para 14,2%) e aluguel e arrendamento (de 2,7% para 2,0%) e cresceu para outras fontes, que agregam rendimentos de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc. (de 1,9% para 2,3%), permanecendo estável ou quase estável para as demais fontes.

Participação na renda média mensal domiciliar (1), segundo fontes de renda

2012-2024, em %

Fontes de renda 2012 2019 2023 2024
Rendimentos de todos os trabalhos 78,0 78,6 77,4 79,1
Aposentadoria e pensão 15,8 14,7 15,5 14,2
Aluguel e arrendamento 2,7 2,8 2,7 2,0
Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador 0,9 1,1 0,9 0,7
Bolsa Família/Auxílio Brasil 0,2 0,2 0,9 0,8
BCP-Loas 0,2 0,4 0,6 0,8
Outros programas sociais 0,1 0,1 0,1 0,1
Outras fontes (2) 2,1 2,1 1,9 2,3
 (1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Excluem-se as pessoas cuja condição no domicílio era pensionista (paga hospedagem), empregado doméstico ou parente do empregado doméstico. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.

Entre 2023 e 2024, houve aumento dos valores médios principalmente para as outras fontes, que incluem juros e dividendos de aplicações financeiras (32,0%) e, com bem menos impacto, para os rendimentos de todos os trabalhos (3,5%), BCP-Loas (2,9%) e pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (0,6%). Tiveram decréscimos os outros programas sociais (-17,6%), aluguel e arrendamento (-15,1%) e aposentadoria e pensão (-2,8%). O valor médio do Bolsa Família/Auxílio Brasil permaneceu estável entre 2023 e 2024.

Renda média mensal da população residente (1), por fontes de renda

2019-2024, em reais

(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Excluem-se as pessoas cuja condição no domicílio era pensionista (paga hospedagem), empregado doméstico ou parente do empregado doméstico. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.

Rendimentos do trabalho aumentam principalmente entre os mais ricos

O rendimento médio de todos os trabalhos, principal fonte de renda das famílias, cresceu 3,4% entre 2023 e 2024, correspondendo a R$ 4.114. Elevação um pouco mais intensa ocorreu entre os 10% de ocupados mais ricos (3,8%), cujo rendimento passou para R$ 14.233. Entre os 10% mais pobres, houve aumento de 2,5%, tornando seu rendimento equivalente a R$ 376, em 2024.

Devido a esses movimentos em intensidades distintas, os mais ricos passaram a receber rendimento 38 vezes maior do que os mais pobres, relação que era de 37 vezes em 2023 e já foi de 52 vezes em 2019.

Rendimento médio mensal de todos os trabalhos dos ocupados (1), segundo percentis de renda

2019-2024, em reais

(1) Rendimentos efetivamente recebidos. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.

Entre 2023 e 2024, a massa de rendimentos dos ocupados ampliou-se em 5,2% e foi estimada em R$ 100,7 bilhões. Esse desempenho positivo deveu-se ao aumento do número de ocupados e, principalmente, do rendimento médio.

Na comparação com 2019, a massa de rendimentos cresceu 9,1%, em função, exclusivamente, do aumento do número de ocupados, uma vez que o rendimento médio diminuiu.

Índices do número de ocupados, do rendimento médio mensal (1) e da massa de rendimentos

2019-2024

1) Rendimentos efetivamente recebidos. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA. Incluem-se os ocupados que não tiveram remuneração no mês de referência.
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua; Fundação Seade.

 

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