Estado de São Paulo
Renda Domiciliar e do Trabalho na Pandemia – ESP
As crises sanitária e econômica deflagradas pela pandemia de Covid-19 resultaram em mais desemprego e menor renda, aprofundando desigualdades já existentes. No Estado de São Paulo, a renda média diminuiu em praticamente todos os segmentos analisados entre 2019 e 2022.
Na análise comparativa entre os mais pobres e os mais ricos, as diferenças se atenuaram ligeiramente no período, embora em um desempenho não virtuoso, uma vez que está relacionado ao maior decréscimo das maiores rendas e não ao crescimento das menores rendas.
Os 10% de domicílios mais pobres recebiam, em média, R$ 872, em 2022, valor 3,5% menor do que em 2019. A renda média nos 10% de domicílios mais ricos (R$ 23.965) apresentou retração maior (-15,8%), passando a um valor 27 vezes superior ao dos mais pobres. Essa relação era de 32 vezes em 2019, mas já foi um pouco menos desigual em 2013 e 2014, quando era 24 vezes maior.
Renda média mensal domiciliar (1), segundo percentis de renda
Estado de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
A distribuição da renda média dos domicílios pelo número de pessoas que neles residem (renda média domiciliar per capita) mostra retração em relação ao período anterior à pandemia, embora com uma ligeira queda na desigualdade entre os grupos de renda.
Em média, cada pessoa nos domicílios recebia mensalmente R$ 2.159, em 2022, renda 7,1% menor do que a de 2019 (R$ 2.325). Entre os 10% mais pobres, a renda média per capita aumentou de R$ 244, em 2019, para R$ 257, em 2022. Entre os 10% mais ricos, o valor diminuiu de R$ 9.876 para R$ 8.513, passando de um valor 40 vezes maior que o dos mais pobres, para 33 vezes maior (em 2014 era superior em 29 vezes).
Renda média mensal domiciliar per capita (1), segundo percentis de renda
Estado de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Renda dos chefes de domicílio diminui 14%
Os chefes de domicílio costumam ter a maior renda e serem os que mais contribuem no orçamento familiar. Entre 2019 e 2022, a renda média dos chefes sofreu a maior retração (-14,2%), passando para R$ 3.773. Já a renda média dos cônjuges diminuiu 4,0%, tornando-se equivalente a R$ 3.532. As reduções diferenciadas permitiram uma aproximação desses ganhos, uma vez que a renda recebida por cônjuges, que em 2019 correspondia a 84% à dos chefes, passou a equivaler a 94% no último ano.
A renda média dos filhos permaneceu estável (R$ 2.065) no período em análise, enquanto a de outros parentes ou conviventes que moram no domicílio cresceu 1,3%, alcançando R$ 2.386.
Renda média e mediana mensal (1), por posição no domicílio
Estado de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
A participação da renda dos chefes na renda total do domicílio, que era de 57,3% em 2019, diminuiu para 55,4% em 2022. Movimento inverso ocorreu entre os cônjuges, cuja contribuição na renda domiciliar ampliou-se de 26,9% para 27,6%, bem como a dos outros parentes ou conviventes, que aumentou de 6,1% para 7,0%. A participação dos filhos – aqui considerados todos os filhos com renda – pouco mudou, ao passar de 9,7% para 9,9%.
Participação na renda média mensal domiciliar (1), segundo posição no domicílio
Estado de São Paulo, 2019-2022, em %
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Massa da renda domiciliar fica 5% menor
A massa da renda mensal domiciliar foi estimada em R$ 101,4 bilhões em 2022, com redução de 4,9% em relação a 2019, ou menos R$ 5,3 bilhões. Na comparação com 2021, a massa da renda nos domicílios aumentou 7,2%.
O comportamento da massa de rendimentos entre 2019 e 2022 deveu-se à retração do rendimento médio domiciliar (-8,7%), uma vez que o número de residentes com renda nos domicílios aumentou 4,1%.
Índice das pessoas com rendimentos, do rendimento médio domiciliar mensal (1) e da massa de rendimento mensal domiciliar
Estado de São Paulo, 2019-2022
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Incluem os ocupados que não tiveram remuneração. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Entre as fontes de renda, aumenta apenas o valor do Bolsa Família
O orçamento familiar continua sendo composto, majoritariamente, pelos rendimentos do trabalho, que contribuíram com 78,8% da renda média domiciliar total em 2022, com pouca alteração em relação a 2019 (78,6%). As participações das aposentadorias e pensões cresceram de 14,7% para 15,3%, entre 2019 e 2022. Os programas sociais ampliaram as participações na composição da renda domiciliar, embora ainda com contribuições que, somadas, ficam em torno de um dígito: Bolsa Família/Auxílio Brasil passou de 0,2% para 0,5% e BCP-Loas, de 0,4% para 0,6%.
Participação na renda média mensal domiciliar (1), segundo fontes de renda
Estado de São Paulo, 2012-2022, em %
Fontes de renda | 2012 | 2019 | 2022 |
Rendimentos de todos os trabalhos | 78,0 | 78,6 | 78,8 |
Aposentadoria e pensão | 15,8 | 14,7 | 15,3 |
Aluguel e arrendamento | 2,7 | 2,8 | 2,1 |
Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador | 0,9 | 1,1 | 0,8 |
Bolsa Família/Auxílio Brasil | 0,2 | 0,2 | 0,5 |
BCP-Loas | 0,2 | 0,4 | 0,6 |
Outros programas sociais | 0,1 | 0,1 | 0,1 |
Outras fontes (2) | 2,1 | 2,1 | 1,7 |
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.
Os valores médios de todas as fontes de renda tiveram redução entre 2019 e 2022, exceto o do Bolsa Família/Auxílio Brasil, que passou de R$ 199 para R$ 471, em média. Entre os demais, destacam-se os decréscimos de aluguéis (-23,5%), outras fontes – rendimentos de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc. (-11,3%) –, aposentadoria e pensão (-8,5%) e rendimentos do trabalho (-7,5%).
Renda média mensal da população residente (1), por fonte de renda
Estado de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.
Rendimento do trabalho diminui na média, mas aumenta entre os mais pobres
O rendimento médio de todos os trabalhos, principal fonte de renda das famílias, diminuiu 7,5% em relação a 2019, passando a equivaler a R$ 3.428. Retração mais intensa ocorreu entre os 10% de ocupados mais ricos (-14,7%), cujo rendimento passou para R$ 13.517. Entre os 10% mais pobres, houve aumento de 12,9%, com o rendimento equivalente a R$ 491, em 2022.
Devido a esses movimentos distintos, os mais ricos passaram a receber rendimentos 28 vezes maiores do que os mais pobres, relação que era de 36 vezes em 2019 e já foi de 21 vezes em 2013.
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos dos ocupados (1), segundo percentis de renda
Estado de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Rendimentos efetivamente recebidos. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
A massa de rendimentos dos ocupados diminuiu 4,7% em relação a 2019 e, apesar do aumento em na comparação com o ano anterior (7,3%), foi estimada em R$ 80,0 bilhões em 2022, R$ 3,9 bilhões abaixo do valor de 2019.
O desempenho negativo da massa de rendimentos do trabalho deveu-se à retração do rendimento médio (-7,5%), uma vez que o número de ocupados aumentou 3,0% e passou a ser estimado em 23,3 milhões de pessoas.
Índices do número de ocupados, do rendimento médio mensal de todos os trabalhos dos ocupados (1) e da massa de rendimento mensal
Estado de São Paulo, 2019-2022