Estado de São Paulo
Renda Domiciliar e do Trabalho na Pandemia – Interior e RMSP
As crises econômica e sanitária decorrentes da pandemia de Covid-19 ampliaram o desemprego e provocaram retração dos rendimentos. Entre 2019 e 2022, a renda média domiciliar no interior do Estado e na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) diminuiu para vários segmentos analisados, principalmente entre os de rendas mais altas, resultando em ligeiro decréscimo da diferença entre as maiores e as menores rendas.
Na RMSP, onde há forte presença de serviços especializados, comércio e parte da indústria automobilística e de tecnologia do Estado, a renda é maior do que no interior. No entanto, a região concentra também a maior desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos.
No interior, em 2022, os 10% de domicílios mais pobres recebiam, em média, R$ 911, valor 2,6% menor do que em 2019. A renda nos 10% de domicílios mais ricos (R$ 17.849) apresentou retração maior (-21,2%), passando a superar em 20 vezes a dos mais pobres. Essa relação era de 24 vezes em 2019.
Já na RMSP, a diferença entre as rendas dos mais pobres e dos mais ricos passou de 40 para 37 vezes, entre 2019 e 2022. A pequena aproximação entre os valores deveu-se ao decréscimo de 4,6% para os mais pobres e 11,9% para os mais ricos, cujas rendas médias domiciliares, em 2022, chegaram a R$ 828 e R$ 30.807, respectivamente.
Renda média mensal domiciliar (1), segundo percentis de renda
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
A distribuição da renda média dos domicílios pelo número de pessoas que neles residem (renda média domiciliar per capita) mostra retração em relação ao período anterior à pandemia, embora com uma ligeira queda na desigualdade entre os grupos de renda.
Em média, cada pessoa nos domicílios do interior recebia, mensalmente, R$ 1.845 em 2022, valor 9,3% menor do que o de 2019. Nesse período, a renda média per capita dos 10% mais pobres aumentou de R$ 245 para R$ 273 e a dos 10% mais ricos diminuiu de R$ 7.680 para R$ 6.284, sendo que a diferença de renda entre os dois segmentos passou de 31 para 23 vezes, entre 2019 e 2022.
Na RMSP a renda média domiciliar per capita em 2022 (R$ 2.511) diminuiu 5,2% em comparação a 2019. Entre os 10% mais pobres, a renda per capita (R$ 238) diminuiu 2,1%, enquanto para os 10% mais ricos (R$ 11.001) a redução foi de 10,6%. Esses movimentos fizeram com que a diferença entre os mais ricos e os mais pobres, que era 51 vezes maior em 2019, passasse para 46 vezes em 2022.
Renda média mensal domiciliar per capita (1), segundo percentis de renda
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Renda dos chefes de domicílio apresenta maior retração
Os chefes de domicílio costumam ter a maior renda e ser os que mais contribuem no orçamento familiar. Entre 2019 e 2022, a renda média dos chefes no interior sofreu a maior retração (-16,6%) entre os membros do domicílio, passando para R$ 3.197. Já a renda média dos cônjuges diminuiu 3,2%, tornando-se equivalente a R$ 2.953. As reduções diferenciadas permitiram uma aproximação desses ganhos, uma vez que a renda recebida por cônjuges, que em 2019 correspondia a 80% à dos chefes, passou a 92% no último ano.
Na RMSP, a renda média dos chefes de domicílio diminuiu 12,3% no período em análise, passando para R$ 4.415, enquanto a dos cônjuges retraiu-se em 4,5%, alcançando o valor de R$ 4.190. Com isso, a renda dos cônjuges, que equivalia a 87% à dos chefes em 2019, passou para 95% em 2022.
Renda média e mediana mensal (1), por posição no domicílio
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
No interior, a participação da renda dos chefes na renda total do domicílio, que era de 57,5% em 2019, diminuiu para 54,8% em 2022. Movimento inverso ocorreu entre os cônjuges, cuja contribuição na renda domiciliar ampliou-se de 25,6%, para 27,3%, bem como a dos outros parentes ou conviventes, que aumentou de 6,7% para 7,6%. A participação dos filhos – aqui considerados todos os filhos com renda – pouco mudou, ao passar de 10,2% para 10,3%.
Na RMSP, também houve queda na participação da renda dos chefes de domicílio entre 2019 e 2022 (de 57,2% para 55,8%), enquanto a dos cônjuges manteve-se em 28,0%, a dos filhos ampliou-se de 9,2% para 9,6% e a dos outros parentes ou conviventes cresceu de 5,6% para 6,5%.
Participação na renda média mensal domiciliar (1), segundo posição no domicílio
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em %
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Massa da renda domiciliar fica menor
A média mensal da massa da renda domiciliar no interior foi estimada em R$ 45,7 bilhões em 2022, com redução de 6,9% (ou menos R$ 3,4 bilhões) em relação a 2019. Esse comportamento deveu-se à retração da renda média domiciliar (-11,2%), uma vez que o número de residentes com renda nos domicílios aumentou 4,8%.
Já a média mensal da massa da renda domiciliar na RMSP, estimada em R$ 55,7 bilhões em 2022, apresentou redução de 3,2% (ou menos R$ 1,8 bilhão) na comparação com 2019, movimento que refletiu a retração do rendimento médio domiciliar (-6,4%), atenuada pelo aumento do número de residentes com renda nos domicílios (3,5%).
Índices das pessoas com rendimentos, do rendimento médio domiciliar mensal (1) e da massa de rendimento mensal domiciliar
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Incluem os ocupados que não tiveram remuneração no mês de referência. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
Entre as fontes de renda, aumenta apenas o valor do Bolsa Família
O orçamento familiar continua composto, majoritariamente, pelos rendimentos do trabalho, que contribuíam, no interior, com 76,5% da renda média domiciliar total em 2022, parcela praticamente igual à registrada em 2012 (76,6%) e menor do que a de 2019 (77,4%). As aposentadorias e pensões cresceram de 17,0% para 17,7%, entre 2019 e 2022. Os programas sociais também tiveram aumento, embora ainda com participações que, somadas, mal ultrapassam um dígito: de 0,8% passaram para 1,3%.
Os rendimentos do trabalho na RMSP participavam com 80,7% da renda média domiciliar total, em 2022, percentuais que correspondiam a 79,3% em 2012 e 79,7% em 2019. As aposentadorias e pensões cresceram de 12,8% para 13,3% e os programas sociais, de 0,6% para 1,1%, nesse período.
Participação na renda média mensal domiciliar (1), segundo fontes de renda
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2012-2022, em %
Fontes de renda | Interior | RMSP | |||||
2012 | 2019 | 2022 | 2012 | 2019 | 2022 | ||
Rendimentos de todos os trabalhos | 76,6 | 77,4 | 76,5 | 79,3 | 79,7 | 80,7 | |
Aposentadoria e pensão | 16,7 | 17,0 | 17,7 | 14,9 | 12,8 | 13,3 | |
Aluguel e arrendamento | 3,0 | 2,2 | 2,1 | 2,5 | 3,4 | 2,2 | |
Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador | 0,9 | 1,1 | 0,9 | 1,0 | 1,1 | 0,7 | |
Programas sociais (2) | 0,6 | 0,8 | 1,3 | 0,4 | 0,6 | 1,1 | |
Outras fontes (3) | 2,2 | 1,6 | 1,5 | 2,0 | 2,5 | 2,0 |
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Bolsa Família/Auxílio Brasil, BCP-LOAS e outros programas sociais.
(3) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.
Os valores de todas as fontes de renda no interior tiveram redução entre 2019 e 2022, exceto o do programa Bolsa Família/Auxílio Brasil, que passou de R$ 208 para R$ 465, em média. Entre as demais fontes, destacam-se os decréscimos dos outros programas sociais (-11,0%), dos rendimentos de todos os trabalhos (-10,8%), da aposentadoria e pensão (-10,2%) e de outras fontes – rendimentos de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc. (-9,9%).
Na RMSP, o Bolsa Família/Auxílio Brasil aumentou de R$ 190 para R$ 479, em média. Destacam-se os decréscimos de aluguéis (-34,3%), outros programas sociais (-12,0%), outras fontes (-11,3%) e aposentadoria e pensão (-6,6%).
Renda média mensal da população residente (1), por fonte de renda
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Consideradas todas as fontes de renda efetivamente recebidas. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
(2) Rendimentos de cadernetas de poupança, juros de aplicação financeira, dividendos, seguro-desemprego, etc.
Rendimento do trabalho diminui na média, mas aumenta entre os mais pobres
No interior, o rendimento médio de todos os trabalhos, principal fonte de renda das famílias, diminuiu 10,8% em relação a 2019, passando a equivaler a R$ 2.855. Retração mais intensa ocorreu entre os 10% de ocupados mais ricos (-21,2%), cujo rendimento passou para R$ 9.828. Entre os 10% mais pobres houve aumento de 10,1%, com o rendimento equivalente a R$ 461, em 2022.
Devido a esses movimentos distintos, os mais ricos passaram a receber rendimentos 21 vezes maiores do que os dos mais pobres, relação que era de 30 vezes em 2019 e já foi de 19 vezes em 2014.
Na RMSP, o rendimento médio de todos os trabalhos diminuiu 4,7% em relação a 2019, passando para R$ 4.062. Entre os 10% mais ricos, houve retração de 9,5% do rendimento médio, que passou a valer R$ 17.778, enquanto entre os 10% mais pobres ocorreu aumento de 16,3%, com o rendimento equivalente a R$ 526, em 2022.
Assim, os mais ricos passaram a ter rendimento 34 vezes maior do que o dos mais pobres, relação que era de 43 vezes em 2019 e já foi de 21 vezes em 2013.
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos dos ocupados (1), segundo percentis de renda
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022, em reais
(1) Rendimentos efetivamente recebidos. Valores em reais, a preços médios do último ano, deflacionados pelo IPCA.
A massa média mensal de rendimentos dos ocupados no interior diminuiu 8,0% (ou menos R$ 3,0 bilhões) em relação a 2019 e foi estimada em R$ 35,0 bilhões em 2022. O desempenho negativo deveu-se à retração do rendimento médio (-10,8%), uma vez que o número de ocupados aumentou 3,1%.
Na RMSP, a massa de rendimentos dos ocupados diminuiu 1,9% (ou menos R$ 0,9 bilhão), entre 2019 e 2022, passando a ser estimada em R$ 45,0 bilhões. Esse desempenho refletiu o decréscimo do rendimento médio mensal (-4,7%), parcialmente compensado pelo aumento do número de ocupados (2,9%).
Índices do número de ocupados, do rendimento médio mensal (1) e da massa de rendimento mensal
Interior e Região Metropolitana de São Paulo, 2019-2022